segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Definição e origens do Teatro

Leonardo Cassano

Teatro é uma arte cênico-dramática que tem por objetivo apresentar uma história fictícia, ao vivo, representada por atores com apoio ou não de cenário, figurino, adereço, maquiagem ou música para uma platéia presente, que se envolve emocionalmente (ou não) com o espetáculo, mas não toma parte dele.

Esta definição é a dos pensadores do século XVIII. E é exata, porque contém todos os elementos essenciais desta Arte: o ator, ao vivo, e o espectador. Está pressuposto, logicamente, o espaço, porque só há trabalho humano em reais condições de local e de época. Os outros elementos são circunstanciais.

A tríade ator-espaço-espectador passa despercebida pela maioria das pessoas que acompanha o Teatro. Isto porque no seu desenvolvimento, por diversas razões sócio-artisticas, algum elemento extra foi mais valorizado ou realçado e obscureceu a essência desta atividade humana. Deste modo, devemos abandonar concepções datadas e superadas, tais como: “teatro é a arte mais completa de todas” ou “teatro é a síntese das artes”. Estas idéias são equivocadas, pois quando uma outra Arte é usada no Teatro ela se transforma e passa a compor a linguagem cênica, anulando-se. Ela se descaracteriza pura e simplesmente e desaparece.

Agora que já temos uma certa noção de como funciona esta arte milenar, vamos para as Teorias a respeito de sua origem...

Todo ser humano tem uma tendência a se travestir, a se personificar, a se mascarar em outro, em querer ser diferente da sua própria natureza. Isto tudo, por desejar ser melhor do que é, para ridicularizar um comportamento seu ou alheio, transmitir uma idéia ou exteriorizar sua angústia, medo ou prazer. Isto é o cerne da atividade teatral. Apartando-se dos fatores ligados à Psicologia, à Antropologia, e centrando nossa preocupação na Arte Cênica, vem a questão: como ela pode surgir e se desenvolver com manifestações tão variadas?

Há três teses básicas sobre a origem do Teatro:

1) Tese do Ritual ou da Festa Religiosa
Através de uma atividade comum, as pessoas se congregam para cultuar a natureza, glorificar divindades e heróis, influenciar o comportamento das pessoas, relembrar o passado, preparar-se espiritualmente para uma caçada ou uma guerra, entre outras coisas. O ritual ou a festa é uma manifestação simbólica da realidade, simplificando-a, e, com o decorrer do tempo, transforma-se em uma religião complexa. Durante esta transformação, são incorporados máscaras, músicas, danças, figurinos, cenários, textos. Nos escritos de Artaud, Meyerhold, Chaikin, Barba, entre outros, encontramos algumas justificativas destas idéias;

2) Tese do Contador de História
O ser humano, com seu instinto narrativo, cria histórias fechadas (lendas, descrições de caçadas ou guerra, vida de heróis, etc) para servir de modelo de conduta às pessoas. Em um primeiro momento, o narrador, talvez, suprisse todas as necessidades expressivas, utilizando-se de atuação, máscaras, figurinos, músicas, entre outros elementos e, com o decorrer do tempo, isto se aprimorou, necessitando de vários auxiliares. Percebemos ecos desta tese nas idéias de Brecth, Boal, Grotowski, entre outros;

3) Tese da Imitação
Ao copiar os acontecimentos da natureza (chuva, terremoto, queimada), os movimentos de animais (fuga, alimentação, procriação) e as atividades cotidianas (colheita, guerra), o ser humano desenvolveu habilidades que, junto com figurinos, maquiagem, cenários e outros elementos, enriqueceram a sua expressão, justificando e explicando a sua própria colocação no universo. Esta concepção é analisada nas obras de Aristótoles, de Antoine ou de Stanislavski.

Estas três teses apresentadas acima não são definitivas e até podem ser, algum dia, totalmente descartadas. Pode ser até que cada uma delas complete a outra para explicar esta arte. Devido a alguma radical mudança das relações sócio-econômicas, as atividades (rituais, festas, histórias ilustradas, cópias de atividades do cotidiano, etc) transformaram-se em manifestações estéticas, reorganizadas numa outra ordem, desvinculadas da sua função utilitária imediata. E isto acontece somente com os gregos.

FOTO - http://photos4.flickr.com/5759037_58778b9033_m.jpg

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