quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Arte da Escrita

Fernanda Marion

Segundo Duarte Jr., a arte “é uma forma de tornar o mundo mais sensível”, a fim de facilitar sua percepção e compreensão. Dentro desse contexto, a literatura é considerada uma maneira de expressão artística, seja na forma de poema, prosa, narração, sátira ou fábula, exatamente por abordar temas relevantes à época e possibilitar ao leitor um entendimento posterior e complementar. Em um breve histórico da literatura, pode-se perceber que a temática e os assuntos evoluiram junto com o modo de pensar do homem.

As primeiras obras literárias que se têm conhecimento foram os poemas Ilíada e Odisséia, de Homero, que narravam aventuras do herói Homero e da Guerra de Tróia, e datam dos séculos VIII a. C. a II a. C. Seguindo essa mesma temática, surgem as obras dos séculos X d.C. em forma de poemas, também. As Canções de Gesta eram narrativas orais que abordavam histórias de guerra, durante o século XI. E ainda neste século houve a produção de obras em prosa, como novelas de cavalaria e lenda, como, por exemplo, “A lenda do Rei Arthur”.

No período compreendido entre os séculos XII e XIV, os temas abordados foram o amor platônico e a sátira. Esta última era classificada pela forma como eram transmitidas (identificando a pessoa satirizada ou não) em de Escárnio e Maldizer, caracterizando o Trovadorismo. Durante o Humanismo (séculos XIV a XV) o homem passou a ser mais valorizado e a literatura manteve características religiosas, mas já se podia perceber ideais greco-romanas sendo reconsideradas. Alguns nomes que ganharam reconhecimento nessa época foram Gil Vicente e Dante Alighieri.

No século XVI, o classicismo resgatou a cultura greco-romana e nesse período Camões escreveu “Os Lusíadas” que narrava aventuras acerca dos descobrimentos. Shakespeare ganhou destaque na poesia lírica e no teatro, da mesma forma que Miguel de Cervantes escreveu Dom Quixote de La Mancha: sátira bem-humorada das novelas de cavalaria.

Com a Contra-Reforma (século XVIII) a literatura foi marcada com a tradição católica. Como principal exemplo, se tem o francês Jacques Busseut, que defendeu a origem divina dos reis nas oratórias sacras. Ainda no século XVIII, houve o Neoclassicismo, em que a razão e a ciência foram valorizadas para se chegar ao conhecimento humano. Foi nessa época que críticas ao absolutismo foram feitas e que o romance passou por um processo de crescimento.

O século XIX é marcado por duas escolas literárias: o Romantismo ― que valorizou a liberdade de criação, a fantasia e os sentimentos com obras subjetivas e com caráter nacionalista ― e o Realismo, que fez críticas à sociedade capitalista e suas contradições, além de retratar o homem tanto nos aspectos bons quanto nos ruins.

Entre os anos de 1910 e 1930, a literatura esteve em busca por novos caminhos e formatos. Os anos 40 retrataram os pessimismos e medos gerados pela 2ª Guerra Mundial; os 50, criticaram os valores tradicionais, o consumismo e Henry Miller chocou com sua apologia da liberdade sexual. Por sua vez, as décadas de 60 e 70 foram caracterizados por um realismo abordado em ficções, também com algumas obras épicas e romances. Nesse contexto, a literatura mudou o foco para a crítica da natureza da ficção, deixando de centrar apenas nas relações entre o homem e o mundo.

Hoje o que se vê são romances irreais, sendo alguns poucos que tiveram origens reais. As outras publicações são livros de biografia, didáticos, auto-ajuda e técnicos. Com a produção literária perdendo cada vez mais a identidade de narração de aventuras históricas, críticas à sociedade e a baixa produção de poesias nesse contexto, a literatura hoje ainda é arte?

FOTO:
http://www.consciencia.net/

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